segunda-feira, 3 de setembro de 2018

FC Porto 3 x 0 Moreirense | Trivelas & Roscas

© Fábio Poço/Global Imagens

Escrever sobre o FC Porto x Moreirense é o trabalho mais fácil do ano para qualquer cronista. Basta recuperar os textos dos dois jogos anteriores e retirar-lhe a emoção final do Jamor ou a derrocada interior frente ao Vitória, aplicar-lhe a mesma receita e dar-lhe um empratamento diferente. Isto porque ao FC Porto continuam a faltar os mesmos predicados e a sobrar os mesmos defeitos que vimos nas duas partidas anteriores. Muito pouca capacidade de segurar o jogo nos momentos fundamentais, falta de pragmatismo no último passe e a insistência num futebol que põe os jogadores a correr mais do que a própria bola. É importante que se reconheça que foi esta a estratégia que nos devolveu a água ao fim de quatro anos de caminhada no deserto, pelo que abdicar integralmente dela seria contranatura. Mas é preciso lucidez para perceber que o futebol também cria antibióticos. São já três as equipas que demonstraram capacidade para travar o FC Porto de Sérgio Conceição e de fazer um 2x0 parecer um resultado precário. Valeu pela vitória, pela regresso de Danilo e pelo espírito de união da equipa, que parece ter sobrevivido à ressaca da época passada.



Militão: Após o jogo contra o Chaves, o primeiro do campeonato, escrevi "é provável que Militão possa ganhar o lugar nos próximos tempos. Digo isto porque Militão é um central feito, que vai acrescentar poder de fogo nas bolas paradas ofensivas" porque sei que tipo de jogador temos em mãos. Um central fisicamente robusto, cirúrgico no desarme, forte nos duelos e eficaz a ler o jogo. Some-se a isso uma incrível disponibilidade física que irá, no futuro, apagar muitos fogos e uma capacidade ofensiva interessante nas bolas paradas, que também poderá salvar muitos pontos.

Herrera: A presença do mexicano é algo que ficará na memória, independentemente da camisola que vestir daqui a um ano. Fez um jogo razoável na primeira parte, mas foi na segunda que foi decisivo, ao funcionar como uma espécie de extensão do treinador dentro de campo. Corrigiu, acalmou, liderou e ajudou a empurrar o existencialismo para fora do Dragão.

Otávio: Não posso deixar de valorizar o seu momento de forma, talvez destacado pelo nível baixo apresentado pela maioria dos colegas. Falando friamente, teve impacto em dois dos três golos, e, não tendo feito uma exibição de encher o olho, foi decisivo. Outra vez.

Óliver: Uma vez mais, abre caminhos que mais ninguém no plantel consegue vislumbrar. Que é o mesmo que dizer que pára para pensar. Só que ao contrário da maioria dos colegas, consegue fazê-lo com a bola no pé.

Eficácia: Cinco remates à baliza valeram 3 golos. Cinco jogos oficiais valeram 16. Ou seja, uma média superior a 3 golos por jogo, sem rematar muito (excepto contra o Chaves). Isto só é possível devido à quantidade elevada de gente que aparece em zona de finalização, a imagem de marca do FC Porto do ano passado, que - felizmente - continua a ser preservada. O problema não está no produto final, mas no processo de fabrico.



Kick'n'rush: Eat, sleep, kick, rush, repeat. Às vezes, parece que o plano de jogo é só isto. E uma boa parte dos nossos adversários já percebeu onde tem de fazer o pressing. Temos capacidade e matéria-prima para mais, muito mais.

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