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Escrever sobre o FC Porto x Moreirense é o trabalho mais
fácil do ano para qualquer cronista. Basta recuperar os textos dos dois jogos anteriores
e retirar-lhe a emoção final do Jamor ou a derrocada interior frente ao Vitória, aplicar-lhe a mesma receita e dar-lhe um empratamento diferente. Isto porque ao FC Porto
continuam a faltar os mesmos predicados e a sobrar os mesmos defeitos que vimos
nas duas partidas anteriores. Muito pouca capacidade de segurar o jogo nos
momentos fundamentais, falta de pragmatismo no último passe e a insistência num
futebol que põe os jogadores a correr mais do que a própria bola. É importante
que se reconheça que foi esta a estratégia que nos devolveu a água ao fim de
quatro anos de caminhada no deserto, pelo que abdicar integralmente dela seria
contranatura. Mas é preciso lucidez para perceber que o futebol também cria
antibióticos. São já três as equipas que demonstraram capacidade para travar o FC
Porto de Sérgio Conceição e de fazer um 2x0 parecer um resultado precário. Valeu
pela vitória, pela regresso de Danilo e pelo espírito de união da equipa, que
parece ter sobrevivido à ressaca da época passada.
Militão: Após o jogo contra o Chaves, o primeiro do
campeonato, escrevi "é provável que Militão possa ganhar o lugar nos próximos tempos. Digo isto porque Militão é um central feito, que vai acrescentar poder de fogo nas bolas paradas ofensivas" porque sei que tipo
de jogador temos em mãos. Um central fisicamente robusto, cirúrgico no desarme,
forte nos duelos e eficaz a ler o jogo. Some-se a isso uma incrível disponibilidade
física que irá, no futuro, apagar muitos fogos e uma capacidade ofensiva interessante
nas bolas paradas, que também poderá salvar muitos pontos.
Herrera: A presença do mexicano é algo que ficará na memória,
independentemente da camisola que vestir daqui a um ano. Fez um jogo razoável
na primeira parte, mas foi na segunda que foi decisivo, ao funcionar como uma
espécie de extensão do treinador dentro de campo. Corrigiu, acalmou, liderou e
ajudou a empurrar o existencialismo para fora do Dragão.
Otávio: Não posso deixar de valorizar o seu momento de forma,
talvez destacado pelo nível baixo apresentado pela maioria dos colegas. Falando
friamente, teve impacto em dois dos três golos, e, não tendo feito uma exibição
de encher o olho, foi decisivo. Outra vez.
Óliver: Uma vez mais, abre caminhos que mais ninguém no
plantel consegue vislumbrar. Que é o mesmo que dizer que pára para pensar. Só
que ao contrário da maioria dos colegas, consegue fazê-lo com a bola no pé.
Eficácia: Cinco remates à baliza valeram 3 golos. Cinco jogos
oficiais valeram 16. Ou seja, uma média superior a 3 golos por jogo, sem
rematar muito (excepto contra o Chaves). Isto só é possível devido à quantidade
elevada de gente que aparece em zona de finalização, a imagem de marca do FC
Porto do ano passado, que - felizmente - continua a ser preservada. O problema
não está no produto final, mas no processo de fabrico.
Kick'n'rush:
Eat, sleep, kick, rush, repeat. Às vezes, parece que o plano de jogo é só
isto. E uma boa parte dos nossos adversários já percebeu onde tem de fazer o
pressing. Temos capacidade e matéria-prima para mais, muito mais.
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