segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

domingo, 26 de janeiro de 2020

E depois do adeus


Ninguém pode dizer que não estava à espera. A derrapagem de Sérgio Conceição do FC Porto atingiu o ponto de não-retorno muito antes da final de ontem, em Braga, a quarta alcançada e perdida pelo técnico portista.

Não adianta classificar o tipo de futebol praticado pelo FC Porto porque já passei essa fase. Alertei para o despiste em Outubro de 2019, quando a maioria dos adeptos portistas ainda estava preso à negação. Por estes dias, já só desvia o olhar do desastre quem está preso ao Porto Canal.

Frontal e sem atalhos, tal como era com a bola nos pés, Sérgio Conceição colapsou após a derrota e abriu o livro até rasgar a lombada. Desfez a SAD, desfez a arbitragem e desfez o portismo. Optou por se escudar, a si e ao plantel que escolheu, o que do ponto de vista de quem tem uma carreira pós-FC Porto para gerir, até é compreensível. No entanto, distribuir o ónus da crise por várias mãos logo após perder uma final, embora não seja nenhuma mentira, soa a tentativa de saneamento da própria imagem. No fundo, Conceição admite que houve crime mas diz que não foi ele quem premiu o gatilho. Fica-lhe mal.

Fica-lhe mal queixar-se da falta de dinheiro e reforços há três anos quando esta época gozou de um poder sem precedentes na construção do plantel. Fica-lhe pior responsabilizar a desunião quando dispôs de uma margem de tolerância que nem os treinadores mais ganhadores do clube tiveram.

De certa forma, creio que Conceição confunde união com unanimidade. O que o técnico portista sempre procurou não foi convergência, mas validade às suas ideias, ou seja, proteccionismo total das decisões técnicas à crítica interna e externa, mesmo quando essas decisões não produziam resultado. Conceição não gosta de ser contestado e quando o é, seja na imprensa seja na bancada, lida quase sempre mal com isso.

O técnico não vai ao fundo sozinho. Foi incompetente na sua função mas também mal-aconselhado e empurrado por uma gestão deficitária e danosa. Iludido por uma série de equívocos de quem raramente se enganava. Conceição, em última instância, é tão culpado como vítima das circunstâncias. Tenho a certeza que ele é quem menos dorme à noite quando a equipa perde. Mas, no fim do dia, perdeu a confiança dos adeptos. E esse é um pilar egrégio do FC Porto que nem o mais ousado elogio de Pinto da Costa pode contornar.

O ciclo de Conceição no FC Porto terminou. O ciclo de Pinto da Costa também. Contudo, só um deles sairá em breve. E, queiramos ou não, é por cima disso que temos de trabalhar.

Sou a favor da saída imediata de Sérgio Conceição porque o desgaste da relação entre todas as partes já roça o miserável e não vai melhorar até Maio. O próprio treinador, perante o caminho que escolheu ontem, já estará mais preocupado com a vida depois do Dragão. E não é aconselhável deixar o futuro do clube nas mãos de quem já não tem futuro no clube. Compreendo que Pinto da Costa tenha passado ao grupo, no sábado à noite, a mensagem de que a confiança em Sérgio Conceição está intacta. Não esperava outra coisa do presidente que, umas semanas antes, comparou Conceição a Pedroto: é uma questão de coerência. Mas isso não significa que não esteja a ser preparado um horizonte sem Sérgio Conceição.

O importante é perceber que aprendemos alguma coisa com os erros do passado. Não podemos repetir a manobra Peseiro em 2016 e contratar uma solução "duradoura" que todos sabem ser a prazo. Mas também é necessário ajustar a ambição à realidade. E a realidade diz-nos que, até Maio, é este o plantel com que teremos de sobreviver.

Defendo, assim, a entrega da equipa a uma alternativa interina, dando à SAD o tempo necessário para apresentar um projecto sólido, estruturado e devidamente preparado ao próximo treinador escolhido. Porque, mais do que um nome no papel, é crucial começar já a trabalhar no aspecto mais crítico para o futuro do FC Porto: a recuperação da identidade. É fundamental romper com o actual paradigma táctico e iniciar o desmame da técnica da força. Urge resgatar dentro de campo o ADN que nos colocou no topo do futebol português. E não falta no plantel matéria prima para colocar mais Porto no Futebol Clube do Porto.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

This is fine


Campeonato entregue na primeira volta. Parabéns aos engenheiros deste pesadelo. Um dia, o FC Porto voltará.

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

O caso Rui Pinto


É a prova de fogo do absurdo que a justiça nacional atingiu e a marca de água de todo este processo kafkiano. O Pedro Bragança explica-vos porquê: