segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

FC Porto 4 x 2 Vitória SC | Trivelas & Roscas


Quando Artur Soares Dias apitou para o intervalo, Sérgio Conceição saiu a correr e foi ao balneário virar o boneco. Não o acólito demoníaco que o seu filho tem em casa - ele há coisas que é melhor não questionar -, mas o boneco aos seus homens, que passaram metade do jogo a oscilar entre a agitação e a apatia - e uma certa sensação de impotência perante as gaffes do videocoiso. A diferença de rendimento da primeira para segunda parte foi tão abismal que Nuno Espírito Santo só ficaria orgulhoso dos primeiros 45 minutos. Vai acontecer mais vezes. Vamos sofrer primeiro em muitas ocasiões. Chegaremos mais vezes a meio do jogo com as asneiras todas por limpar. Vamos ter de aguentar tabuleiros com maior ou menor inclinação durante o resto da época, enquanto lidamos com as nossas próprias carências. No futebol, vontade não é tudo mas pesa muito. Se reagirmos com a pujança de ontem, dificilmente sairemos derrotados. Em tempos, tivemos um treinador que nos prometeu que, caso estivéssemos a perder, as outras equipas iriam "levar massacres que nem respiram". O mesmo a quem devemos um terço da nossa glória europeia.


Brahimi: Podia arrancar este parágrafo de várias formas diferentes. Podia mencionar, por exemplo, o passe de triângulo do argelino para Aboubakar logo a abrir a partida, num gesto que está a tornar-se viral nos nossos jogos: bola lançada na diagonal, geralmente da direita para o meio, com tensão suficiente para rasgar a defesa contrária e o açúcar necessário para atrair o redes, antes de parar cinicamente nos pés do avançado. Ou notar os 88 dribles eficazes que Yacine já leva em meio campeonato. Uma média de 5,2 por jogo. Mais reviengas juntas do que o segundo e o terceiro melhor da Liga juntos - Rúben Ribeiro (38) e Gelson Martins (36). Até podia falar do golo fantástico e da exibição avassaladora na segunda parte. Mas tudo isto, bem dobradinho, cabe no bolso, quando comparado com a forma como Brahimi celebrou a reviravolta no marcador. Podem tirar Brahimi do FC Porto, mas já não tiram o FC Porto de Brahimi.

Alex Telles: Dobra, recua, corre, sobe, desmarca, centra, tabela, assiste. Raramente falha. É como um daqueles mecânicos que toda a gente procura mas ninguém encontra. Não foi caro, está sempre disponível, é extremamente competente no trabalho, resolve todo o tipo de berbicachos e se te diz que te vai entregar a bola no segundo poste é porque vai entregar a bola no segundo poste.

Marega: Dois golos mais do que acessórios, que foram o antibiótico de que a equipa precisava para consumar a remontada. A sua preponderância para o FC Porto mede-se em número de sportinguistas que bufa das narinas quando vê a tarja "Mete o Marega!!!!" na net.


Corona: Sei que não é fácil jogar numa Liga que ainda não implementou o videoárbitro, mas temo que uma boa parte dos picos de corrente ainda sejam da nossa responsabilidade. Corona, infelizmente, anda mais Dr. Jekyll do que Mr. Hyde e, sim, não me enganei. Corona quer-se é uma besta dentro de campo porque tem potencial para isso. E não um soccer boy enfadado por não o terem deixado dormir em casa dos amigos. Óliver também pareceu acusar a titularidade (ou a falta de jogos nas pernas), mostrando-se um pouco desorientado de processos na fase inicial. Abonatório para ambos foi o facto de a equipa se ter diluído toda ela no marasmo exibicional na primeira parte, o que de certa forma torna injusto apontar réus.

@

Sem comentários :

Enviar um comentário

Comenta com respeito e juízo. Como se estivesses a falar com a tua avó na véspera de Natal.