segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Tondela 0 x 1 FC Porto | Trivelas & Roscas


Dois jogos, duas vitórias, seis pontos, cinco golos marcados e zero sofridos. Tudo isto somado dá o único algarismo que interessa, o primeiro. A matemática é simples, mas as contas podiam ter ficado baralhadas ontem, num jogo volátil e com uma matriz muito semelhante ao teste de pré-época contra o Gil Vicente. O modelo que Sérgio Conceição promove não é o ideal para terrenos curtos e sobrepovoados. Jogar sem espaço tem sido, aliás, uma dor crónica do FC Porto dos últimos anos que só Vítor Pereira conseguiu balsamizar. No entanto, a equipa fez mais do que o suficiente para derrotar o Tondela, sobretudo porque teve outro tempero que tem faltado em épocas recentes: mais confiança do que ansiedade.


Óliver: O pequeno génio espanhol precisa de amplitude para pensar o seu jogo mas tem uma arma que poucos jogadores do seu perfil possuem. A facilidade em rodar sobre si próprio e com a bola no pé. Isso dá-lhe a possibilidade de desfazer nós mais apertados do que o rego do Rui Vitória quando perde. É como se para Óliver não existisse força centrífuga e isso é uma anomalia física que temos de capitalizar enquanto ele por cá andar. Contra o Tondela, quando não tinha espaço, criava-o, sempre de olhos colados nas movimentações dos colegas e no desenrolar da jogada. Bem no capítulo defensivo, saiu cedo porque ainda não aguenta mais.

Aboubakar: Perde poder de alcance com Marega, porque os centrais adversários (e não só) veem mais perigo no camaronês do que no maliano. Acusou a falta do parceiro Soares, com quem desenvolveu uma parceria gulosa na pré-época, mas foi sempre o jogador que esteve mais perto de bater Cláudio Ramos. O golo foi importantíssimo para a equipa, mas sobretudo para ele. A confiança é o combustível de Aboubakar. Se a tiver, parece um Roger Milla do futebol moderno. Se não a tiver, parece Kléber depois de cair numa poça de petróleo.


Brahimi/Corona: Tanto o argelino como o mexicano têm a típica personalidade de extremo abre-latas. São espetaculares a esburacar tampas sólidas e compactas, mas por vezes dão mais voltas do que é preciso. O sucesso desta equipa também passa pelo espírito irreverente de ambos, mas convém que Sérgio Conceição lhes consiga conferir alguma objetividade. Nesse particular, Brahimi parece-me um pouco mais maduro do que o parceiro da ala direita. Ainda que ontem tenha voltado aos jogos inconsequentes. Já Jesus mostrou uma energia inédita esta temporada, mas continua a pecar no último passe.

Felipe: Acumulou erros como eu acumulo rodadas para pagar quando jogo à moeda. Mostrou uma displicência que, embora não seja nova, nunca é agradável de se ver. E podia ter custado a primeira deceção da época. Até agora não aparenta estar incomodado em vestir mais um ano de azul-e-branco. Mas é bom que o fecho do mercado chegue depressa, porque Felipe me parece aquele tipo de pessoa que não pensa muito nas coisas se não tiver oportunidade para pensar nelas. Podia ter sido expulso. Ou podia ter visto Tomané marcar um golo nas suas barbas. Não sei o que é pior.

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A beleza das transições vê-se na sensação de renascimento. Aproveitei o arranque de uma nova época para fazer um leve makeover ao blog. Na análise aos jogos, deixa de existir Mais e Menos e nascem as Trivelas e Roscas. É basicamente a mesma merda só que com um nome diferente. Inovador, ou não?



2 comentários :

Comenta com respeito e juízo. Como se estivesses a falar com a tua avó na véspera de Natal.