quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Schalke 04 1 x 1 FC Porto | Trivelas & Roscas

foto beinsports.com

É difícil para qualquer blogger escrever sobre a má qualidade do produto que explora, seja ele vinho, smartphones ou futebol. Não há muito que me apeteça escrever sobre o Schalke x FC Porto porque não foi um jogo bonito, nem tão pouco uma exibição que fique para a história por parte dos dragões. A sensação que vai ficando cada vez mais vincada nos últimos jogos é a de que este FC Porto 2018/19, que em termos de elenco não anda muito longe da versão do ano passado, é um parente pobre do campeão nacional. Os princípios de jogo são exactamente os mesmos - músculo, bola nas costas da defesa, velocidade de Marega - mas faltam elementos que deram brilho à fórmula do ano passado: o sentido de compromisso de alguns jogadores, a explosão de Telles, Brahimi e... Ricardo. Ainda assim, podíamos e devíamos ter feito melhor. Vale pelo empate fora e pelo facto de o jogo não ter sido na Hungria.


Militão: É um senhor jogador, já feito, daqueles que o FC Porto encontrava debaixo de cada pedra que chutava nos 2000s. Têm um sentido apurado de antecipação e, mesmo quando descompensa, tem resposta física para ir resgatar bolas que parecem prontinhas a aninhar-se na rede de Casillas. Mesmo no ataque, foi mais preocupante para os alemães do que Aboubakar ou Marega. Não engana, é a próxima supervenda do FC Porto.

Danilo: Tal como os Pokémon na minha adolescência, o FC Porto tem duas versões bem distintas. Uma sem Danilo, que deixa o sector defensivo da equipa menos sólido e mais exposto mas é mais eficaz na transposição rápida. Outra com Danilo, onde a primeira linha de construção passa por ele e há - ou pelo menos, tenta-se - uma abordagem atacante diferente, mais pausada e cerebral, que também acarreta mais risco e perdas de bola em zonas delicadas. Pessoalmente, prefiro um FC Porto com Danilo, sobretudo se for acompanhado por Óliver, porque gosto de ver a equipa talhar o jogo, pensar no passo seguinte, em vez de procurar lançamentos desenfreados nos corredores à espera que o caparro dos africanos transforme terra em água. O ano passado a estratégia até pode ter resultado, mas porque havia ingrediente extra, mencionados acima, que agora não existem. E se eles não existem, estará na hora de mudar a receita. Regressando a Danilo, fez um jogo à sua imagem: competente e empenhado. Teve algumas falhas, nomeadamente no golo, mas foi o menor culpado da nulidade do meio-campo azul e branco.



Herrera: Está de volta a versão pirateada do mexicano, cheia de bugs e erros incompreensíveis. Passou completamente ao lado do jogo. Aliás, a frase podia ser só "passou completamente ao lado" porque foi isso que fez durante toda a partida: passes para ninguém. É o maior responsável pelo golo do Schalke, depois de um pontapé na atmosfera e uma perda de bola que mostram claramente que Rui Pinto fez panelinha com Diogo Faria para minar o Benfica.

Maxi: Está na fase da carreira em que seria mais útil ao FC Porto como extremo do que como lateral. Há uns dias gabei-lhe o pulmão de aço mas torna-se evidente que a velocidade, crucial no posto que ocupa, já não entra na lista de coisas que Maxi pode oferecer. Foi perdendo discernimento com o desenrolar da partida, tendo mesmo contribuído para dois ou três calafrios desnecessários na recta final.

Acutilância ofensiva: Outra coisa que não é fácil para um blogger é escrever contra a corrente, isto é, arriscar colocar alguma lucidez sobre um momento de pura efervescência. A água fria nunca foi muito popular. Quando goleámos o Chaves, apontei as debilidades defensivas do adversário como uma forte possibilidade a pesar. Não me livrei de uns reparos, de estar a desvalorizar a nova dinâmica da equipa e de desacreditar o treinador. Infelizmente, o que vimos na primeira jornada do campeonato nunca mais se repetiu. E a crise de criatividade da equipa parece agravar-se a cada jogo. Falta um facilitador. Que pode ser Óliver, Bazoer ou Sérgio Oliveira em melhor forma, tanto faz. A verdade é que, neste momento, por uma razão ou por outra, ele não existe dentro de campo.

Penalties: Só está aqui para desfazer um mito. Não existe qualquer maldição guttmanniana a pairar sobre nós. Também não é falta de treino, porque esta foi uma matéria que nos tirou dois títulos o ano passado. Trata-se tão somente da falta de um especialista. Há anos que não temos um.

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