A história de corrupção no Andebol, que o CM chama hoje à capa, é demasiado complexa para ser inventada e demasiado grave para ser um mero exercício de difamação ou perseguição. Contudo, provém de um órgão de comunicação social suspeito e pouco fidedigno, que já se prestou no passado a comportamentos meretrícios a certos players do nosso futebol.
É também um exemplo claro da diferença de tratamento que a imprensa dá aos casos de corrupção, uma vez mais atendendo aos intervenientes. Em apenas algumas horas, o alegado esquema de corrupção montado pelo Sporting no andebol já teve mais eco do que os terabytes de emails que saem quase semanalmente sobre o alegado esquema de corrupção do Benfica no futebol. Um pouco à semelhança das denúncias anónimas sobre alegados subornos do FC Porto, cuja sustentação era precária mas às quais foram dedicados rios de tinta até se esgotar a racionalidade.
Subitamente, o conteúdo de uma mensagem deixa de ser acessório e volta a ser essencial e os jornalistas focam-se no quadro e não na moldura, enquanto publicam manifestos de lucidez e ortodoxia sobre a profissão.
A história, em si, é extremamente (talvez até demasiado) suculenta, directa e envolve um cardápio de personagens com motivações, no mínimo, estranhas. Um sportinguista arrependido, um empresário ligado às malas mafiosas do futebol que publicitou a história antecipadamente, um director de futebol que supostamente geria tudo sem aparecer e árbitros com demasiado à-vontade para compactuar com estas práticas. À primeira vista, há vários ingredientes típicos de orquestração nisto. Não se exclui que tudo isto seja uma tentativa cirúrgica de capitalizar a crise em Alvalade, sobretudo quando ainda há um título nacional para ganhar.
Por outro lado, a revelação é sustentada com áudios reveladores, que indiciam a existência de algo mais substancial. Vale o que vale. O silêncio da SAD do Sporting, que demorou mais horas a reagir do que devia, também não é muito abonatório para quem quer desacreditar esta história. E o facto de o Sporting ser presidido por uma figura imprevisível, polémica e feita de material ainda desconhecido não ajuda.
A verdade é que, na época das alegações (2016/17), o Benfica x FC Porto da penúltima jornada do campeonato foi um dos maiores assaltos ao dragão de que há memória na modalidade, com uma partida carregada de erros técnicos, que o FC Porto contestou e a Federação nunca quis explicar. Para quem não acompanha a modalidade, se quiser traçar um bom paralelo, recorde o que aconteceu à equipa de futebol do FC Porto na Feira. Não foi muito diferente.
Não sei se estamos perante um caso de corrupção activa ou uma narrativa cirurgicamente adaptada aos acontecimentos. De qualquer forma, a PGR já confirmou que o DIAP do Porto está a investigar o caso e, com o descuido brutal com que o alegado esquema terá sido desenvolvido, se ele tiver existido, facilmente será exposto e desmontado.
Avaliar se é bola na mão ou mão na bola é da competência das autoridades. Em todo o caso, o grande prejudicado no final será sempre o mesmo: o FC Porto.
No andebol, mais um roubo de igreja que visa desviar o título do Porto para Lisboa. https://t.co/mSWbsFlqzc pic.twitter.com/fASQ5FhUTB— Baluarte Dragão (@BaluarteDragao) May 23, 2017
Boa tarde Drax
ResponderEliminarLembro-me de ter comentado este final deste jogo no blog do Vila Pouca, isto apesar do Andebol não ser a minha praia, mas onde me pareceu na altura terem existido algumas decisões demasiado estranhas e que foram reveladoras do que aconteceu no jogo.
Agora com tudo o que veio à baila, investigue-se e puna-se se for caso disso.
O que eu sei, e é um denominador comum, o FCPORTO é sempre o clube prejudicado nestas situações, seja no futebol, seja no Andebol ou até no Hóquei (que acompanho mais) onde existem duplas de árbitros com claras indicações de nos prejudicarem...
Mas com o estado da justiça em Portugal, duvido que isto dê em alguma coisa...
Abraço, Gil Lopes