Eis a Draxletter. Uma espécie de newsletter diária que só vai acontecer uma vez.
Ontem, assistimos ao primeiro plot twist de uma das novelas mais previsíveis (e perversas) do futebol português. O arrufo de namorados no Restelo trocou as voltas aos que esperavam o forrobodó habitual entre Belenenses e Benfica. Os da casa fizeram-se de difíceis perante o coro encarnado e tudo o que o amante conseguiu foi arrancar um chocho à força, já bem depois da hora de deitar. Até as histórias de amor superlativo têm os seus momentos mais cinzentos. O Benfica não pode esperar que a relação de poliamor que mantém com a maioria dos clubes da Liga não dê num ou noutro caso de ciúme. Nada que, no fim de contas, a Paixão não resolva. O empate de ontem reacende também uma velha questão que promete inflamar susceptibilidades. Afinal, qual deles é melhor: o pastel de Nathan ou o pastel de Belém?
Soubemos hoje que o líder máximo do Benfica, Luís Filipe Vieira, foi constituído arguido no âmbito de um processo que também motivou buscas ao seu gabinete no estádio do Benfica. Na mesma operação, levada a cabo pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção, está envolvido o juiz-desembargador Rui Rangel (um ex-candidato a líder máximo do Benfica) e José Veiga (um dos ex-braços direitos do líder máximo do Benfica). Uma operação que nada tem a ver com o Benfica, diz o Benfica. Mas João Correia, o advogado-mor do Benfica, que mais parece uma espécie de Paulo Madeira da defesa jurídica do clube, desarmou todos os que pretendiam tirar algum tipo de aproveitamento da situação com um provérbio popular no Benfiquistão: "Quem não é arguido não é bom chefe de família". Nos próximos dias ainda vamos ouvir que "em casa onde não há corrupção, todos ralham e ninguém tem razão" ou que "boa fama granjeia quem faz tráfico de influência".
Grande expressão criada por João Correia, advogado de Vieira. A indústria de pratos de porcelana vai prosperar, não há benfiquista que não quererá exibir uma frase destas numa parede de seu lar. pic.twitter.com/HIUjMCe1gG— O Artista do Dia (@OArtistaDoDia) 30 de janeiro de 2018
Também esta terça-feira, o FC Porto enfrenta uma das deslocações mais complicadas da segunda volta. Começamos já em desvantagem em número de comendadores, porque eles têm o Joaquim de Almeida Freitas e nós não temos o nosso por lesão. Mas o FC Porto que eu conheci não desperdiçava as abébias dadas pelos rivais. Pelo contrário, alimentava-se delas. E Sérgio Conceição tem sido, após Vítor Pereira, o homem que mais tem reaproximado o dragão do caçador de oportunidades que já foi. Sem Danilo no miolo e sem Marcano no eixo da defesa, a presença de um pivot é fundamental. Se nos próximos jogos Conceição quiser abdicar do trinco tradicional e voltar ao modelo com dois médios, não deverá fazê-lo agora. Aposto em Héctor, Óliver e Sérgio Oliveira de início. E, eventualmente, Paulinho no lugar de Corona. Jogue quem jogar, o foco terá de ser a vitória e a liderança isolada da Liga, que fará o regresso a Estoril parecer cada vez mais uma extra ball.
Cheers.
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