Berra era um avençado muito forte. No um para um, não dava qualquer hipótese. Arrumava sempre todo e qualquer argumento pela técnica da força e não pela força da técnica.
A estratégia era simples, mas inovadora. Berra apostava tudo no decibel. Na falácia em vez da razão. No atropelo da verdade com a mentira.
Na arte de fintar a realidade com o delírio não havia melhor no seu tempo. Quem jogou à bola sabe disto.
Contudo, um assomo de Alzheimer precoce acabaria por travar o voo do predestinado Pedro para outros patamares. Ironicamente, foi a falta de memória de Pedro Berra que levou os seus colegas de cartilha a votarem-no ao esquecimento.
Também porque na forja estava um outro avençado com imenso potencial: Zé Marinho. Ou Eagle One noutros círculos.
Igualmente versado em terrorismo comunicacional, Zé é uma figura em ascensão no Estado Lampiânico. Continua a não saber como funciona uma royalty, mas também não é para isso que lhe pagam. Na verdade, o avençado até faz muito bem o seu trabalho.
Ao contrário de Berra, que nos últimos anos foi perdendo mobilidade, Zé é um ponta-de-lança muito móvel. Em menos de dois anos, passou de anti-vieirista para vieirista acérrimo.
Agora um dos pentes mais proeminentes do bigode do ditador lampião, o avençado deixou o "doentio mundo das redes sociais", onde continua a escrever regularmente, para se entregar "ao estado mais puro e saudável de ser Benfica". Entende-se. Criticar um presidente que deu um tetra -- seja de que forma for -- é meio caminho andado para levar na tromba dos que querem vencer a todo o custo.
A imprevisibilidade é outra das marcas distintivas de Zé Marinho. O homem que diz escolher não ver programas de tertúlia futebolística em Portugal é atualmente comentador do programa Aquecimento na BTV, uma tertúlia sobre futebol.
A capacidade de dribble intelectual de Zé é notável. Em março deste ano, disse na mesma entrevista que o futebol português "é só truques", para logo a depois afirmar que acredita "mais hoje [nos árbitros] do que acreditava há vinte anos". Ele lá saberá porquê.
(Afinal, a culpa foi de quem fez o passe.) |
Contudo, neste aspeto em particular, Zé tem a forte concorrência de uma outra promessa da agremiação: Rui Pedro Braz. Um dia, falarei sobre este wonderkid.
Mas há mais a unir Berra e Zé, além do corte de cabelo tosco. Um ódio inestimável pelos rivais, em particular o FC Porto, alimentado por uma constante distorção dos factos e de uma cegueira que faria Saramago repensar uma das suas grandes obras-primas.
Não é má interpretação. É cegueira. |
Mais dia menos dia, Berra cai da cadeira. E alguém terá de o substituir na propaganda nacional-benfiquista, no branqueamento dos crimes do seu clube e na defesa do indefensável.
Nada se perde, tudo se transforma.
@
Nota final: Quem se quiser divertir um pouco mais a acompanhar a carreira deste avençado do Estado Lampiónico pode procurar pela hashtag #AVidaSegundoZeMarinho no Twitter. Um belo projecto do @nunovalinhas.
Espreitem.
Welcome back, sir!
ResponderEliminar*nods*
EliminarObrigado, mestre.
ResponderEliminarback in action! great!
(e já que estamos numa de nos expressarmos na língua de Sua Majestade)
abr@ço
Miguel | 92º minuto
Sempre. O polvo acordou-me.
EliminarAbraço, Miguel.