terça-feira, 13 de junho de 2017

Cortina de fumo



“É mais importante ter pessoas na Liga do que contratar bons jogadores”. Isto foi dito em 2006 pelo responsável máximo de um clube nacional. Era o arroto desprevenido de quem quebrava um longo jejum de 11 anos.

Fast forward mais onze anos.

Em 2017, a Liga de Clubes legitima o cartilhismo e aprova a presença de dirigentes de clubes nos espaços mediáticos de comentário.

Em 2017, a Liga de Clubes considera peregrina a ideia de penalizar emblemas que apoiem claques ilegais com homicídios voluntários no currículo.

Em 2017, a Liga de Clubes diz que é premente castigar o arremesso de fumo de cigarro eletrónico, saliva e outras substâncias que não água benta na área técnica.

Em 2017, a Liga que despreza o que é crucial para a credibilidade do futebol português é a mesma que arranja tempo para alinhar em achincalhamentos pessoais.

Ironicamente, as assembleias-gerais daquele organismo são, por estes dias, como reuniões do colégio episcopal. Há dois ou três clubes que (ainda) estão nisto pela fé no futebol. Mas os restantes só lá andam a lamber a anilha ao sumo pontífice. Ou, como quem diz, para seguir religiosamente os “mandamentos” a troco de uns dízimos que dão jeito.



O alternativo para 2017/2018
As duas resoluções de ontem são sintomáticas. O polvo entranhou-se nas mais variadas instâncias do país, aproveitando o nacional-benfiquismo de quem as dirige.

E assim se lança uma cortina de fumo sobre as denúncias do FC Porto, do Sporting, de Marco Ferreira e de todos aqueles que não embarcam na cientologia lampiânica.

O BenficaGate, ou Apito Divino, não terá consequências legais. Não adianta rezar, nem esperar por milagres.

Mas ajudará a tirar a “imaculidade” a um emblema que nunca a teve mas sempre a vendeu.

Ajudará a perceber porque é que o Estádio da Luz é a apelidado de Catedral, porque é que o pasquim Abola se auto-intitula a bíblia do desporto, porque motivo a nossa Justiça peca tanto e porque razão há uma vaca sagrada com uma dívida de mais de €600 milhões ao Estado à solta no prado que é este país.

Ajuda também a destapar o resto do rebanho. Porque os bois têm nome. Guerras, Gomes da Silvas, Goberns, Cervans, Delgados, Garcias, Marinhos, Brazes e Aguilares.

A religião tem destas coisas. Para o bem ou para o mal, ilumina-nos.

Hoje, o Estado Lampiânico "manda mesmo". Hoje, o Estado Lampiânico é tudo.

Clubes, Liga, Federação, APAF, Comunicação Social, PJ, PGR, Governo. Tudo.

É obra.


Amén.

3 comentários :

  1. Politicos desprezíveis, justiça desprezível, dirigentes despreziveis.
    Um País de corruptos.

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  2. Bem resumido. Pobre futebol português !

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  3. voltaste! e em boa hora, car@go!

    abr@ço forte!
    Miguel | 92º minuto

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