sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

FC Porto 5 x 2 AS Mónaco | Trivelas & Roscas


Zero zero no Dragão é resultado para deixar qualquer portista a navegar na maionese o resto da semana. Para mim, é pior do que um empate com golos, porque aí sempre se pode açucarar a nossa própria incompetência com o mérito do adversário, que ousou plantar uma ou duas batatas em terreno alheio. Mas o nulo do Clássico, contra uma equipa radioactiva, de futebol empobrecido e presença extremamente nociva para o desporto, foi ainda mais anticlimático. Sobretudo se pensarmos que aquele empate seco poderia facilmente ter sido uma vitória gorda, tivéssemos nós feito o nosso trabalho e o polvo não fizesse o dele. Adiante. Urgia acordar deste estado catatónico e nada melhor do que um passaporte para os oitavos da Champions para recuperar a alegria. Vencemos cumprimos o plano e aconchegámos o cofre para o inverno rigoroso que vivemos. Só se pode dizer que o Mónaco foi presa fácil porque nós, quando queremos, somos um predador voraz. Que o banquete não nos tire a fome. Venha o mata-mata.



Aboubakar: Marcou dois golos completamente diferentes que mostram a sua versatilidade enquanto ponta de lança. Fez uma assistência sublime que mostra a sua versatilidade como avançado. Quando chegou ao FC Porto, em 2014, Aboubakar era mais parra do que uva. Transformou-se um jogador extraordinário nos últimos anos e é um exemplo de que nem todos os empréstimos para a Turquia servem apenas para escoar o entulho.

Laterais: A fase de construção ofensiva da equipa passa muito pela dinâmica de Telles e Ricardo, dois jogadores sempre muito interventivos no processo atacante. Anteontem, foram os mais influentes a seguir a Aboubakar. Telles marcou, Ricardo deu a marcar. Uma dupla destas, que faz mais piscinas em 90 minutos do que Phelps numa semana de treinos, numa montra como a Liga dos Campeões, dura tanto como Raffaellos numa mesa de Natal. É aproveitar enquanto cá estão.

Herrera: Tal como Vincent, Héctor também foi dono de uma evolução brutal desde o momento em que chegou. Mais volátil, mais pautada por altos e baixos, mas numa tendência que sempre me pareceu apontar à maturação. Herrera não é propriamente um maestro, mas é o gajo que nunca se esquece metrónomo. Aprendeu a ditar os ritmos do jogo e está mais apurado na definição, que foi o que sempre lhe faltou. Os passes "herráticos" vão sempre acontecer, como uma espécie de assinatura teimosa e infantil da qual o artista nunca abdica. Contudo, a grande responsabilidade de a orquestra estar tão bem sincronizada é dele.

Brahimi: Leva uma média de 6 dribles bem sucedidos por jogo na Champions - melhor só Bruma, Perotti e Neymar - e voltou a marcar, colocando ao lado de Zahovic e McCarthy no patamar dos ilustres, com 8 golos ao serviço dos dragões na prova. O FC Porto sempre fez questão de ter um mago nas suas equipas de ferreiros. E Brahimi é um deles. Falta-lhe um título pelo clube e ele bem o procura.



Displicência defensiva: Na quarta-feira, juntaram-se no Dragão dois treinadores da escola "o que interessa é marcar mais golos do que o adversário". A pose ofensiva e vertiginosa do FC Porto, esteticamente, é um regalo para o comum adepto, que quer ver a equipa a jogar como o Brasil de 82. Mas do ponto de vista prático, expõe a equipa a situações desagradáveis e desnecessárias. O golo de Falcao foi um exemplo do adormecimento geral que toma conta da equipa em certas fases do jogo. A rever, até porque nem sempre acontece com três golos de diferença.

Felipe: Sou dos que acha que houve excesso de zelo do árbitro no lance da expulsão. Jonas Eriksson só pode vir de uma remota e pacata vila sueca onde o maior crime cometido até hoje foi o vandalismo de uma placa de trânsito. Mas isso não isenta Felipe, que não devia ter respondido, sobretudo porque priva a equipa de um elemento chave numa eliminatória importante. Antes, o brasileiro já tinha averbado uma série de erros, que começam a ser mais habituais do que pontuais nos últimos tempos.

@


Sem comentários :

Enviar um comentário

Comenta com respeito e juízo. Como se estivesses a falar com a tua avó na véspera de Natal.