Era uma vez Jagunço.
Jagunço tinha fama de ladrão, mas não era um gatuno qualquer. Nata fina, larápio de primeira água, figurava entre a elite. Verdadeiro ás da arte da bandidagem, nunca descurava o pormenor e estava sempre um passo à frente da concorrência.
Astuto e perspicaz, Jagunço sabia o segredo do crime perfeito. Palmar às claras. Quem rouba em público, raramente é apanhado. Porque um cavalheiro da ordem, acreditavam as gentes honestas e humildes daquela região, não pode ser ao mesmo tempo um cavaleiro do apocalipse.
Na terra sem lei de Jagunço, havia dois bancos. O Banco Bom e o Banco Mau. No primeiro, Jagunço tinha conta. O segundo, Jagunço não tinha em conta.
Por isso, o Banco Mau era o alvo predilecto de Jagunço. Quanto mais o pilhava, mais vontade tinha de o pilhar. Fim-de-semana sim, fim-de-semana não, lá ia mais um saque. Um dia, até o telhado levaram. Era um brinquedo nas mãos de Jagunço, o Banco Mau.
Tornado patrão da pandilha, Jagunço há muito que já não fazia. Mandava fazer.
Encomendava os golpes aos seus mais fiéis capos. Um deles, o canalha benjamim, meliante promissor, chegou a perpetrar dez furtos ao desafortunado banco. Todos eles executados na perfeição.
O jovem trafulha era tão eficaz que Jagunço decidiu elevar-lhe a fasquia. Certo dia, na véspera da enésima investida, Jagunço enviou uma carta ao Banco Mau a anunciar o assalto. Fê-lo pelo vil prazer do rebaixamento alheio. Jagunço não idealizava enxovalho maior do que informar a própria vítima antes do golpe.
Surpreendido, o gerente do Banco Mau preparou-se a si e aos seus. Armou os seus empregados com garra, brio e coragem, chamou alguns reforços e aguardou pelo roubo iminente.
Nesse dia, o Banco Mau venceu. O jovem bandalho foi subjugado e fugiu de mãos a abanar. Prometeu voltar de pistola, o infame. Enquanto celebrava o feito com a sua equipa, o gerente do Banco Mau olhou pela janela e viu um Jagunço perplexo do outro lado da estrada.
Foi a primeira e última vez que alguma vez se falaram:
Diz-me, Jagunço, o que tens tu contra o Banco Mau?
Nada, meu caro. Mas para o Bom continuar a ser bom, o Mau não pode deixar de ser mau.
Subscrever:
Enviar feedback
(
Atom
)
Incha Jagunço! :)
ResponderEliminarJagunço, mesmo.
EliminarQue peça!
Abraço, mestre Silva.
Mestre é o Barreiros. Da culinária, diz ele. :) portanto deixa-TE de merdas, que eu tenho idade para ser TEU neto. Ou TEU avô. Uma delas :) TU, ok? Abraco.
Eliminarahahah :)
EliminarCombinado!
Abraço.
Drax,
ResponderEliminarInfelizmente não há meios de o mau deixar de ser mau....
O que vai acontecer, mais dia menos dia, é mais uma ladroagem corriqueira e, um qualquer dos nossos com a cabeça mais quente e, farto destas artistices, vai um dia na rua e vai-se cruzar com um destes ladrões....
E tas a imaginar o que vai acontecer...
E depois vêm as virgens ofendidas... Dizes que somos uns vândalos e bárbaros... Mas só vou ter pena das que caírem no chão.....
Ta mais que visto que têm que levar um aperto dos grandes!!!!!
Percebo-te, Xebeu.
EliminarAté se perdeu o cuidado em disfarçar. É tudo às claras e com aviso prévio.
Mas se estes guerreiros os tiverem no sítio, não há santuário que lhes valha, quanto mais uma capela.
Abraço.
A resposta tem que ser dada já amanhã, a partir das 20h45.
ResponderEliminarLá estarei a fazer a minha parte!
Abraço portista
Uma boa viagem até Aveiro, perdão, Arouca.
EliminarQue a vitória nos sorria.
Forte abraço, Lápis.
ResponderEliminar@ drax
b-r-a-v-o!
(ao texto, bem como aos comentários que se seguiram)
e acho que estas afrontas só terão fim com um boicote dos nossos às capeladas em causa, em todas as jornadas do campeonato: jogando o suficiente para trazer os três pontos para nossa casa (com ou sem nota artística, que para já é indiferente)
abr@ço
Miguel | Tomo III
Só consegui responder hoje, mas ontem já subscrevia isto.
EliminarForte abraço, Miguel!