sábado, 1 de agosto de 2015

Kick-off

Caros,

Nunca gostei da palavra “adeus”. Faz-me espécie. Sempre fui mais adepto da saudação. Gosto de projetos fixos, que comecem sem fim à vista e talvez por isso não brinde a finais anunciados ou despedidas.

É evidente que essa atitude já me causou alguns dissabores ao longo desta curta jornada de vida. Confesso, o arrependimento é matéria que vendo aos frascos. Mas essa aversão ao fim das coisas está intrinsecamente gravada numa qualquer cadeia molecular de ADN dentro de mim e não irá desaparecer tão cedo.

Assim, saúdo-vos, camaradas portistas

Será aqui onde, nos próximos tempos e de forma pontual -- leia-se sempre que o tempo me permitir --, partilharei convosco as conquistas do FC Porto.

Celebrar vitórias a granel; rejubilar com aqueles três pontos arrancados nos descontos; inebriar-me com aquele clássico resolvido à bomba ou aquela remontada épica em casa do 7º classificado; descarregar frustrações de nulos em exibições cinzentas; combater malabarismos e malabaristas dos bastidores; discutir variantes táticas e paradigmas técnicos com mais emoção do que razão; analisar o futebol portista e o não-futebol português; depositar montantes razoáveis de esperança no banco azul-e-branco, esperando poder levantá-la em Maio.

Na prática, serve este espaço para servir o portismo: o meu, o vosso, o nosso. Enaltecer o passado, refletir sobre o presente e pensar o futuro.

Crio este blog para vocês, mas estaria a mentir se dissesse que é  para vós. Fi-lo também por e para mim.

Este será o meu manifesto pessoal de portismo. O meu desabafo, saco de pancada, muro de lamentações, garrafa de bourbon. E aviso desde já que detesto "beber" sozinho. Estão convidados a partilharem comigo o que pensam sobre o que eu penso; conto convosco para me acompanharem e orientarem nesta aventura.

Sou alfacinha de gema. Nasci no seio de uma família de vidreiros, que de portistas não têm nada. Quer isto dizer que não foi por influência familiar ou de amigos que comecei a torcer pelos dragões. Cresci em Lisboa numa altura em que havia poucos adeptos azuis-e-brancos. Era fácil torcer pelo Sporting e era-se benfiquista quase por decreto. Enquanto vi outros enveredarem pelo atalho, eu optei pelo caminho mais longo. Chutei as probabilidades para canto, coisa de que nunca me arrependi.

Um dia, narrarei esse percurso. É uma história engraçada. Para já, uma breve explicação para o nome que desencantei para o blog -- que, espero eu, seja uma mais-valia deste belo universo que me absorve em noites de leitura prazenteira: a Bluegosfera.

Do Calcanhar à Trivela é uma síntese em quatro palavras das últimas três décadas de vida do FC Porto. Sim, eu sei que não é consensual, mas interpretativo. Reconheço que nem são os dois pontos temporais que definem ou representam o renascimento do FC Porto, nem abraçam na totalidade os momentos mais fulcrais do nosso passado recente. Não, não me esqueci da bomba de Ademir que fez explodir um jejum de dezanove anos em 1978 nem da chegada de Pinto da Costa à presidência do clube em 1982.

Mas escolhi o mítico calcanhar de Madjer, não tivesse eu nascido no dia (!) do ponto mais alto da História deste emblema.

Desse escabroso gesto do argelino que chocou a Europa em pleno Prater, no sempre eterno ano de '87, à típica trivela de Quaresma que gelou a arrogância alemã no Dragão em 2015. De Viena ao Porto, revisitando Dublin, Sevilha, Gelsenkirchen, Luz, Jamor e outros tantos locais onde fomos felizes. Esta será uma viagem alicerçada em todos os capítulos do livro azul-e-branco, dos mais dourados aos mais cinzentos.

Porque, afinal, o FC Porto é feito por todos eles. Orgulhosamente, mais dos primeiros do que dos segundos.

Espero estar cá para testemunhar os próximos convosco.

A morada: http://calcanhartrivela.blogspot.pt para facilitar.

Hope y'all like it.

Bem-vindos.

µ


TL;DR: De dragão para dragões. Um blog sobre o FC Porto de um lisboeta portista até à medula.

2 comentários :

Comenta com respeito e juízo. Como se estivesses a falar com a tua avó na véspera de Natal.