segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Vitória FC 0 x 5 FC Porto | Trivelas & Roscas


Começo com um mea culpa. Quando Tiago Martins assinalou uma falta de Marega a pedido de José Couceiro, ali por volta do minuto 15, convenci-me de que o FC Porto não ia vencer o jogo em Setúbal. E mesmo depois dos dois primeiros golos, fiquei especado à espera da tempestade de anomalias que normalmente acontece nos jogos do FC Porto. Esclareça-se que este miserabilismo nada tem a ver com o nosso grupo de jogadores, capazes de feitos extraordinários perante tantos ventos contrários. Trata-se sim de uma descrença acumulada com o estado das coisas. Da revolta que sinto em ver o abismo em que a arbitragem portuguesa voluntariamente mergulhou. Da vergonha que me assola ao acordar todos os dias num país sem noção. Da repulsa que carrego contra o falso moralismo de uma imprensa daltónica, que escrutina empurrões até à última fibra mas continua a ignorar os verdadeiros atropelos à modalidade. Por isso, a mão cheia de golos foi uma boa chapada despertadora contra a indiferença em que, por vezes, me apetece cair. No lodo que é o futebol português, ainda sobrevivem uns quantos inconformados.



Aboubakar: Três golos, uma assistência brilhante, uma roleta à Zidane, dois passes de morte e uma presença incansável no ataque que deixam Jonas mais perto de vencer o prémio Jogador do Mês de Dezembro.

Marega: Chega a ser desconcertante. Passa o tempo a desfazer mitos e criar novas interrogações. No segundo golo, dá ideia que escapou por sorte a um dos falhanços do ano. No lance do quarto golo, fez um duplo drible na linha que deixou adversários, críticos, adeptos, crentes e ateus rendidos e confusos ao mesmo tempo. No último, pica a bola por cima de Cristiano após um sprint magnífico aos 80 (!), qual mistura genética entre Obafemi Martins e Zlatan Ibrahimovic. Marega não é um poço de técnica, mas tem um poço de variedades e surpresas dentro de si. Um fenómeno.


Brahimi: O falhanço na cara de Cristiano, logo na fase inicial da partida, seguido de um domínio nada menos do que Licáneano, resume a sua prestação. Inconformado mas inconsequente. Há dias em que nem o mais talentoso dos chefs deve entrar numa cozinha.

Caso Óliver: Sou apologista de que certos assuntos não devem transbordar a blindagem de um plantel. Sobretudo, quando ainda temos tudo a ganhar e a perder. No entanto, um dia destes, lá para fins de Maio, gostaria de compreender o motivo que levou Conceição a desistir do espanhol. É técnico? Não me parece. É estratégico? Não me admiraria se Óliver fosse negociado já em Janeiro. É disciplinar? Também não me surpreenderia se Óliver regressasse em breve às opções. Enquanto se ganha, não se questiona - e eu aceito que este não seja o momento ideal para abordar publicamente o assunto, até porque já temos anticorpos suficientes. Mas ninguém pode fugir das perguntas para sempre.

@

Sem comentários :

Enviar um comentário

Comenta com respeito e juízo. Como se estivesses a falar com a tua avó na véspera de Natal.