Era uma vez um artista.
Um artista cego que ganhava a vida a ver o que os outros não viam.
O artista dizia ter um dom e o seu número era tão bom que deixava o povo de olhos em bico.
Um dia, o artista foi contratado por uma companhia de circo. “O olho que tudo vê”, assim se apresentava o espectáculo.
O sucesso do artista cego logo começou a crescer a olhos vistos. Apadrinhado pela real companhia, o artista foi brilhando nos pequenos palcos até chegar aos grandes anfiteatros do país.
Era um fenómeno, o artista cego. Por onde passava, as suas performances deixavam legiões de fãs perplexos.
Mas o artista cego também coleccionou cépticos. Gente que desacreditava os seus predicados e desconfiava da sua visão milagrosa, tomando o artista por fraude.
Para a trupe circense, os cépticos não eram mais que meros imbecis que invejavam a arte do artista. Por isso, a companhia decidiu montar um espectáculo de renome para provar a extraordinária capacidade do artista cego. E logo na abertura do grande evento, a companhia deu-lhe o palco principal.
O artista cego aceitou o desafio, encheu-se de brio e ofereceu um festival do outro mundo. Conta quem lá esteve que o artista deu uma demonstração quimérica e inigualável do seu enorme talento, levando todos na audiência ao gáudio.
Todos, excepto um.
Um turista, que, de visita àquelas paragens, parecia não estar a ver o mesmo que os outros. Tanto que no final da actuação, intrigado por ver tanto êxtase para um número tão pobre, o turista perguntou ao artista como é tinha tanto sucesso.
O artista cego sorriu. Pediu ao turista para olhar à sua volta e confessou:
O cego aqui não sou eu, amigo.
São eles.
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fan-tás-ti-co!
ResponderEliminarmuitos parabéns! nunca ninguém, até hoje, conseguiu descrever o rui gosma da selva como tu o fizeste. ah!, desculpa, acho que te estavas a referir ao go(rdo)bern... ah!, desculpa, afinal é a toda a redacção do pasquim da Travessa da Queimada. :D
no fundamental e sem ironias:
muitos parabéns!, "drax"! mesmo! fantástica alegoria.
somos Porto!, car@go!
«este é o nosso destino»: «a vencer desde 1893»!
abr@ços
Miguel | Tomo III
Cabe à corja toda, sobretudo a quem não consegue ver o empurrão de Luisão na área, mas já consegue ter a vista cristalina para perceber que a mão de Mattheus foi clara como água.
EliminarForte abraço, Miguel!
Miguel,
ResponderEliminarA mim veio-me a cabeça a crónica do JN... Que viram um jogo que não existiu....
Mas a fantástica carapuça do Drax é tão grande que abafa qualquer melão!!!!!
Drax mais uma vez, INCRIVEL!!!