sexta-feira, 7 de agosto de 2015

O clássico conto de fadas

Vivem-se dias estranhos aqui na capital.

Em semana de clássico, a Segunda Circular parece um poço de fenómenos tão bizarros que deixariam Lewis Carroll frustrado com a sua própria imaginação.

Há os que fazem pisca à direita, mas acabem por virar à esquerda. Há os que se mudam para Lisboa para viver cá durante dois dias. Há ainda os que dizem ter o depósito cheio, mas que preferem andar a pé. Ou os que andam a pé, mesmo sabendo-se que têm o depósito cheio. E há um só profeta que já serviu duas religiões diferentes.

Jorge Jesus, que funcionou como Messias do povo durante seis anos e que parecia ter carta branca para dizer e verbalizar o que bem lhe apetecesse, surge agora com a cabeça a prémio, com o carimbo de Judas da nação e apelidado de "piroso, vaidoso e saloio" pelo mesmo cartel de paineleiros que outrora lhe adornava o caminho e lhe branqueava publicamente os atos e a palavras.

Que Jesus ia ser "crucificado" pela opção que tomou era expectável. Afinal, isso estava escrito na profecia. O que não se percebe é se as belas adormecidas acordaram agora de um feitiço poderoso e perceberam de repente o que já toda a gente já tinha percebido há muito tempo ou se serão apenas intelectualmente desonestos. Ou ambos.

Jorge Jesus disse ontem, à RTP, que este Benfica ainda é o dele, que joga com as ideias dele, que bate os livres e cantos que ele ensinou e ensaia os ataques que ele patenteou. A diferença, disse Jorge Jesus, é que não está lá o Criador.

Essencialmente, Jorge Jesus foi igual a si próprio. Colocou-se em bicos de pés, desvalorizou o trabalho dos outros, foi deselegante -- a roçar o insultuoso -- para um colega de profissão, teceu loas à sua pessoa ao mesmo tempo que preparou, habilmente, uma desculpa para domingo se as coisas correrem mal. 

No meio de tudo isto, conseguiu não se enganar no nome de Rui Vitória, o que até é uma evolução. Posto isto, onde está a novidade?

Jorge Jesus sempre teve tanto de competência como de sobranceria. O "mestre da táctica" sempre foi uma espécie de Special One das barracas e nunca deixou de esconder o amadorense que há dentro de si. Compreende-se: é fácil tirar um treinador da Amadora, mas não é fácil tirar a Amadora de um treinador.

11 dias? Hulk riu-se.
Agora que o manto da camuflagem lhe foi retirado -- e possivelmente o outro manto mágico também --, os capuchinhos vermelhos que lhe camuflavam a personalidade são agora os mesmos que arrasam, em praça pública, a sua postura.

Jesus não se revelou ontem, mas só hoje a facção que o embalava se sente chocada com as provocações do único cidadão em Portugal a ser suspenso por um mês por ter agredido um polícia. Ofendida pela altivez do único treinador português a ser suspenso por 11 dias por ter batido num atleta. Siderada pela insolência do mesmo treinador que embaraçou o povo português em White Hart Lane.

Vão é com seis anos de atraso.

4 comentários :

  1. quero agradecer a vontade e o querer para seguir em frente e que acima de tudo seja coerente e aceite as opinioes dos outros mesmo sendo contrarias as suas.bem haja.cump

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    1. Eu é que agradeço o incentivo. É esse objectivo: não ser melhor que ninguém e fazer o melhor em defesa do FC Porto. Sou apenas mais um militante da nação azul-e-branca. Forte abraço.

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  2. Não se iluda, o branqueamento segue dentro de momentos. Desde que não seja azul e branco...
    Já agora, não tem que ver com a Amadora, tem que ver com o Amadorense em causa. pergunte aos velhotes, mesmo velhotes, dos cafés da Reboleira o que pensam do figurão... ;)
    Bem-vindo, pois claro.

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    1. De facto! Já tive oportunidade de privar com conhecidos do "mestre da táctica" aqui na Venteira e confirmo: figurão mesmo.

      Muito obrigado, caro.

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